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REFLEXÃO DOMINICAL: III DOMINGO DA QUARESMA 2024

UMA ALIANÇA DE AMOR E DE LIBERDADE

            No monte Sinai, montanha que se reveste de singular valor simbólico na história da salvação, Deus, por meio de Moisés, entrega ao povo eleito o Decálogo. Na primeira leitura de hoje, retirada do livro do Êxodo, são enumerados os dez mandamentos da Lei, introduzidos com uma referência à libertação do povo de Israel. Diz o texto: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, dessa casa de escravidão” (Ex 20,2). Portanto, o Decálogo é, em primeiro lugar, a confirmação da liberdade conquistada. Na verdade, os mandamentos, se analisarmos em profundidade, são os instrumentos que o Senhor nos dá para defender a nossa liberdade, tanto dos condicionamentos internos das paixões como dos abusos externos dos maliciosos. Os “nãos” dos mandamentos são outros tantos “sins” para o desenvolvimento de uma liberdade autêntica.

             Os mandamentos mais do que uma imposição, é um dom, fruto do amor incondicional do Deus libertador. Mais do que determinar o que o homem deve fazer, ela quer manifestar a todos a escolha decisiva de Deus: Ele está do lado do seu povo eleito; libertou-o da escravidão e circunda-o com a sua bondade misericordiosa. O Decálogo é assim, da parte de Deus, o testemunho de um amor de predileção. “o Senhor nosso Deus firmou conosco uma Aliança no Horeb” (Dt 5,2).

Efetivamente, a liturgia de hoje oferece-nos ainda uma terceira dimensão: a lei moisaica – o Decálogo – cumpre-se plenamente em Jesus, que inaugura uma nova aliança com o Povo eleito por meio da sabedoria e do mistério da Cruz. São Paulo, na segunda leitura que escutamos, diz-nos: “Os judeus pedem milagres e os gregos procuram a sabedoria. Quanto a nós, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1 Cor 1, 22-23).

            Jesus que veio na terra para fazer o bem, cheio de ternura e de amor para com os pobres, ao ponto de dar a vida por eles, é o mesmo que, neste texto do evangelho, atua energicamente contra o mal.  Expulsa os vendilhões do Templo. Jesus não compactua com o mal. Jesus não é violento na sua ação, pois não bate nos cambistas, mas sim na mesma de moeda, símbolo da exploração. Jesus destrói a falsa imagem de Deus.

            Para Jesus, o templo principal onde Deus habita no mundo é Ele mesmo e nós, na medida em que somos batizados n’Ele. Nós somos destinados a ser morada do Espírito Santo e a viver dentro de nós a alegria, a comunhão, a paz e a gratuidade que só Deus pode dar. São Paulo interroga-nos: “Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3,16).

            Como restaurar o Templo da Natureza e Meio Ambiente na Amazônia que Deus Criou? Como restaurar e a vida povos originários: Indígenas, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, migrantes agricultores/as? Como expulsar os exploradores da Amazônia? Tanto mal existente na vida do povo. Desmatamento, queimadas, grandes projetos de mineração, hidrelétricas, monocultura da soja que só serve para enriquecer grandes grupos econômicos que expulsam os pobres da terra?

            Como Missionários do Verbo Divino na Amazônia somos convocados a sermos solidários com os pobres em defesa da Justiça e da Paz e da Integridade da Criação, denunciando tudo que destrói a vida na Amazônia.

Pe. José Boeing, SVD