O Verbo Divino nos seus mais de 30 anos de presença na Amazônia quer ser uma presença de serviço, reconhecendo que existem muitas formas de viver a fé, preservando o núcleo central do evangelho. O respeito pelo outro e pela forma como ele manifesta o seu sentimento religioso é fundamental para uma evangelização autêntica.
Nós entendemos este ponto como primordial para continuarmos a evangelização através dos passos seguintes que são: a formação de lideranças, a vivência autêntica da fé em uma comunidade eclesial, a criação de uma igreja toda ela ministerial, o amor pela Palavra de Deus, rezada, estuda, amada e praticada e uma eucaristia que confirma a todos na unidade e no amor de Cristo. Enfim, trabalhamos para ter:
Uma Igreja ministerial fundada sobre o princípio da comunhão e participação, que se concretiza especialmente em organismos de participação (conselhos diocesanos de pastoral, assembleias diocesanas, conselhos presbiterais, conselhos de leigos, conselhos comunitários, coordenação diocesana de pastoral etc.)
Uma Igreja que está assumindo a vida do povo celebrando o mistério pascal a partir de suas características culturais e nos desafios de viver nas florestas e periferias das cidades, indicando um espírito de resistência;
Uma Igreja que está de maneira especial assumindo na Paróquia uma rede de comunidades, caminho para uma evangelização capilarizada e eficiente, formando discípulos-missionários;
As Comunidades Eclesiais de Base, assumidas como essenciais por nós, tornaram-se ao longo das últimas décadas, um novo modo de ser Igreja. Surgiram e espalharam-se por toda a Amazônia, assumidas de modo especial a partir do Encontro Inter-Regional de Santarém (1972), que pretendia aplicar as decisões de Medellín à nossa região.
Nas CEBs se vive a dimensão samaritana da compaixão ativa e interajuda, de um coração e mãos abertas para quem sofre ou passa necessidade, mas também a dimensão profética de anunciar continuamente a utopia do Reino e, ao mesmo tempo, denunciar todos os mecanismos e estruturas que impedem a chegada do Reino.
Assume-se a questão indígena como causa de toda a Igreja na Amazônia. A presença solidária e o apoio incondicional à luta por seus direitos foi e é fundamental para que hoje a maioria dos povos indígenas da região tenha suas terras demarcadas. É também de enorme importância gerar uma consciência de respeito e valorização dos povos, suas culturas e seus projetos de “Bem Viver “.
Dezenas de povos saíram do silêncio em que foram forçados a se ocultar para sobreviver. Ressurgiram das cinzas e estão lutando pelos seus direitos e suas terras. Além disso a atuação corajosa dos missionários, selando seu compromisso através do sangue derramado pela vida desses povos, propiciou o surgimento de articulações e organizações dos povos indígenas, essenciais para a conquista de seus direitos e sua autonomia.
Os riscos de extermínio de vários grupos indígenas em estado de isolamento voluntário, exige um renovado compromisso com a sobrevivência de milhares de vidas e povos ameaçados de extinção.
A Igreja depara-se hoje com uma verdadeira enxurrada de grandes projetos que os Governos querem implantar, seguindo a estratégia do “fato consumado “. Não há discussão, nem consulta popular que merecesse este nome. Decide-se e executa-se. Oponentes são criminalizados ou taxados de inimigos do progresso. Também os ribeirinhos, seringueiros, quilombolas, e outros povos tradicionais sofrem pela falta de reconhecimento de suas terras. A Igreja continua solidária com estas lutas.
Também nos deparamos com a emergência do fenômeno urbano, com o inchaço nas periferias das grandes cidade, exploração sexual, tráfico de pessoas e de drogas, violência. Em vez de investimentos em políticas públicas de saneamento básico, saúde, educação e segurança, o Estado prioriza políticas compensatórias, apoia e incentiva o grande capital, investe na construção de estádios monumentais e outras obras faraônicas.
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