Os transtornos depressivos constituem um grupo de patologias com alta e crescente prevalência na população geral. A tristeza é parte integrante da vida do ser humano, é algo passageiro e não o impede de realizar suas tarefas da rotina habitual. Na maioria das vezes, essa tristeza é confundida com depressão.
A depressão por sua vez, está relacionada a uma tristeza de grandes proporções que impede a pessoa de viver a sua rotina normal de vida. Afeta corpo e mente, ou seja, o físico e o psicológico do ser humano, afeta o humor e, consequentemente, o modo como a pessoa vê o mundo, seus pensamentos em relação a si próprio e aos outros, a forma como manifesta suas emoções, a disposição e o prazer com a vida, bem como a forma de se alimentar, descansar e vestir-se. São vários os motivos pelo qual ela se desenvolve (DELGALARROND, 2008).
Com isso, na sociedade em que vivemos hoje, diagnósticos de depressão se tornam cada vez maiores. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a terceira causa de morte no mundo entre os adultos, segunda causa de óbito dos jovens adultos e adolescentes, e a primeira razão de aposentadoria por problemas psiquiátricos.
No ambiente familiar, a depressão também vira vilã. Tanto o ambiente pode se tornar o preditor da depressão, através da presença de estressores, como familiares podem acabar sofrendo junto com o indivíduo depressivo, pois a sensação de impotência sobre aquela situação os preocupa, e acabam tendenciados a desenvolver patologias devido ao auto grau de pressão nesse momento delicado na família (BAHLS, 2002).
No ambiente profissional, a depressão pode ser observada a partir de licenças médicas com diagnostico de depressão, tais fatores são precedentes de aspectos vivenciados no dia a dia, caracterizados por variações de ansiedade e estresse presentes no ambiente corporativo, tornando-se fator que incapacita o indivíduo ao trabalho. O afastamento e diagnostico da depressão ocorre em sua maioria após ocorrências sucessivas de afastamentos, ou seja, o indivíduo muitas vezes é afastado por períodos curtos, que podem caracterizar o agravamento da doença, até se chegar ao diagnóstico oficial (CAVALHEIRO; TOLFO, 2011).
Todos nós passamos por momentos felizes e tristes, quando há uma perda significativa em nossa vida, é normal que passemos por estados depressivos moderados como uma resposta a esse processo emocional. A depressão torna-se um transtorno quando esses sintomas se agravam, interferem nos funcionamentos normais das emoções e quando se estendem por semanas interruptas (RODRIGUES, 2000).
Ao contrário do que o senso comum diz, os sintomas não consistem no baixo astral rotineiro que vivenciamos em algumas ocasiões de nossas vidas. Não são limitados em alterações do humor (tristeza, irritabilidade, falta de capacidade de sentir prazer, apatia), mas apresentam alterações em aspectos cognitivos, psicomotores e vegetativos (sono, apetite, libido). O paciente depressivo perde a capacidade, enquanto sintoma emocional, de sentir alegria em momentos festivos, sente desespero e um sofrimento contínuo. O processo de não sentir prazer em situações festivas, em que pessoas saudáveis desfrutariam desse prazer, denomina-se anedonia. Já os sintomas cognitivos, consistem em pensamentos negativos, de inutilidade, culpa, desesperança e até mesmo suicídio (PORTO, 2004).
TRATAMENTO
Quando nos referimos ao assunto sobre o tratamento para depressão, sabemos que este deve ser entendido de uma forma ampla, ou seja, devemos considerar as dimensões biológicas, psicológicas e também sociais. Claro que outro fator de suma importância é que devemos considerar a subjetividade do paciente, assim podendo considerar suas queixas de forma individualizada. Em relação aos aspectos psicológicos, a psicoterapia deve agir na mudança de estilo de vida do paciente, dando enfoque que não se deve tratar depressão de uma forma abstrata e sim o paciente deprimido, que estão dentro de seus meios sociais e culturais sendo compreendidos nas suas dimensões psicológicas e também biológicas. Ao apontar as intervenções psicológicas que devem ser abordadas na depressão, é importante ressaltar que devem ter formatos diferenciados, como a psicoterapia de apoio, a psicodinâmica breve, a terapia interpessoal comportamental, cognitiva comportamental, terapia de grupo, de família e até mesmo terapia de casal. De acordo com Souza (1999), existem fatores que podem influenciar no sucesso do processo de tratamento da depressão dentro da terapia, sendo eles a motivação, depressão leve ou moderada, ambiente estável e capacidade para insight. Assim mudanças no estilo de vida dos pacientes deverão ser debatidas buscando sempre uma melhor qualidade de vida dos mesmos. Contudo, os processos de intervenção devem ocorrer a partir da escuta sensitiva a queixa da demanda podendo constituir uma elaboração de projetos terapêuticos que possam possibilitar cuidado integral do usuário diagnosticado com depressão. Outra estratégia que podem ser utilizadas para tratar os pacientes com depressão são os antidepressivos, que podem produzir através dos seus efeitos uma melhora nos sintomas. Porém, é importante ressaltar que em termos de eficácia, cada paciente responderá a diferentes formas em relação aos antidepressivos, assim deverá também ser levada em consideração a subjetividade e o contexto de cada um. Por fim, é importante ressaltar que são prejudiciais e preconceituosos os argumentos de que depressão é falta do que fazer, falta de trabalho. Ao longo da história ela foi associada até ao funcionamento da bílis. Hoje, compreende-se que a depressão tem a ver com o funcionamento dos neurotransmissores e com as falhas nas sinapses. Portanto, devemos evitar afirmações como: “você é tão bonita/o, tem tudo na vida”; “muita gente gostaria de ter a vida que você tem”. A depressão pode atingir ricos, pobres, jovens, adultos ou idosos. Tais afirmações só aumentam o sentimento de culpa dos que sofrem deste transtorno.
Pe. Luiz Aparecido de Sauza, SVD