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REFLEXÃO DOMINICAL: XV DOMINGO DO TEMPO COMUM 2024

Leituras: Am 7,12-15, Ef 1,3-14, Mc 6,7-13

As leituras da liturgia deste domingo tratam do chamado e do envio dos profetas e discípulos em missão.

O Senhor Deus convida o profeta Amós e o envia anunciar e denunciar. O Amós era um profeta simples que não nasceu na linhagem dos profetas nem dos sacerdotes. Era um homem camponês que cuidava dos rebanhos e cultivava sicômoros. Mas foi chamado por Deus a exercer uma função importante, aquela de transmitir a sua mensagem ao seu povo. Amós, não era um profeta oficial, quer dizer da corte, simplesmente um homem a quem Deus confiou uma missão. Se pousarmos um olhar nessa primeira leitura, podemos descobrir muitas coisas que hoje são muitos uteis para nós.

Primeiramente, quando o Amós ouviu o chamado de Deus, ele deixou as suas atividades que eram fontes de sustento para ele para responder a missão de Deus. Ele nem sequer ser chamado de profeta, simplesmente obedecia a Deus colaborando na missão de Deus. Esse caráter humilde do profeta Amós, fez que ele teve coragem em tudo, não teve medo das ameaças do profeta Amasias; pelo contrário, anunciava e denunciava; isto, porque tinha certeza de que estava respondendo ao chamado de Deus e que Deus estava com ele.

Há muitos hoje que querem calar a voz dos profetas, dos missionários. Eles inventam coisas contra os profetas, compram as suas consciências, discriminam, ameaçam brigam e matam os missionários. Como Amós, todos os profetas, missionários são chamados a exercer a sua missão na humildade e coragem. Assim como diz o trecho do cântico “Comungar é tornar-se um perigo Viemos pra incomodar Com a fé e a união nossos passos um dia vão chegar”, o missionário ao receber Jesus se torna outro Jesus que anuncia a libertação e a vida ao exemplo de Cristo.

Apesar do chamado ser individual, a missão sempre tem uma dimensão comunitária. Lemos no Evangelho que Jesus chamou os discípulos e os enviou dois a dois.  O envio dois a dois dos discípulos, é fortemente ligado a cultura judaica de viajar acompanhado, para ter ajuda e apoio em caso de necessidade; o envio “dois a dois” é uma exigência da lei judaica, de acordo com a qual eram necessárias duas testemunhas para dar credibilidade a qualquer anúncio (Dt 19,15; Mt 18,16). Na dimensão espiritual ou teológica, esse envio dos discípulos mostra que a missão não se realize sozinho, longe da comunidade; ninguém trabalha só para Deus, nem para si, mas trabalha para Deus visando o bem maior da comunidade. Por isso, Jesus Deu o poder a seus discípulos sobre todo espírito impuro, quer dizer sobre todo o que mata a vida na sociedade, isso é a missão dos profetas.

A dimensão comunitária da missão nos ensina a sair para o encontro do outro diferente de mim. Igreja em saída. Não é necessariamente a gente terá conforto na missão, como o profeta Amós, os discípulos e o primeiros missionários, encontraremos dificuldade no caminho. E o proposito é sempre voltar para a pessoa que nos envia em missão Deus, a fim de ter inspiração e força para continuar a sua obra.

Pe. Agostinho Mevor, SVD

REFLEXÃO DOMINICAL: III DOMINGO DA QUARESMA 2024

UMA ALIANÇA DE AMOR E DE LIBERDADE

            No monte Sinai, montanha que se reveste de singular valor simbólico na história da salvação, Deus, por meio de Moisés, entrega ao povo eleito o Decálogo. Na primeira leitura de hoje, retirada do livro do Êxodo, são enumerados os dez mandamentos da Lei, introduzidos com uma referência à libertação do povo de Israel. Diz o texto: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, dessa casa de escravidão” (Ex 20,2). Portanto, o Decálogo é, em primeiro lugar, a confirmação da liberdade conquistada. Na verdade, os mandamentos, se analisarmos em profundidade, são os instrumentos que o Senhor nos dá para defender a nossa liberdade, tanto dos condicionamentos internos das paixões como dos abusos externos dos maliciosos. Os “nãos” dos mandamentos são outros tantos “sins” para o desenvolvimento de uma liberdade autêntica.

             Os mandamentos mais do que uma imposição, é um dom, fruto do amor incondicional do Deus libertador. Mais do que determinar o que o homem deve fazer, ela quer manifestar a todos a escolha decisiva de Deus: Ele está do lado do seu povo eleito; libertou-o da escravidão e circunda-o com a sua bondade misericordiosa. O Decálogo é assim, da parte de Deus, o testemunho de um amor de predileção. “o Senhor nosso Deus firmou conosco uma Aliança no Horeb” (Dt 5,2).

Efetivamente, a liturgia de hoje oferece-nos ainda uma terceira dimensão: a lei moisaica – o Decálogo – cumpre-se plenamente em Jesus, que inaugura uma nova aliança com o Povo eleito por meio da sabedoria e do mistério da Cruz. São Paulo, na segunda leitura que escutamos, diz-nos: “Os judeus pedem milagres e os gregos procuram a sabedoria. Quanto a nós, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1 Cor 1, 22-23).

            Jesus que veio na terra para fazer o bem, cheio de ternura e de amor para com os pobres, ao ponto de dar a vida por eles, é o mesmo que, neste texto do evangelho, atua energicamente contra o mal.  Expulsa os vendilhões do Templo. Jesus não compactua com o mal. Jesus não é violento na sua ação, pois não bate nos cambistas, mas sim na mesma de moeda, símbolo da exploração. Jesus destrói a falsa imagem de Deus.

            Para Jesus, o templo principal onde Deus habita no mundo é Ele mesmo e nós, na medida em que somos batizados n’Ele. Nós somos destinados a ser morada do Espírito Santo e a viver dentro de nós a alegria, a comunhão, a paz e a gratuidade que só Deus pode dar. São Paulo interroga-nos: “Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3,16).

            Como restaurar o Templo da Natureza e Meio Ambiente na Amazônia que Deus Criou? Como restaurar e a vida povos originários: Indígenas, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, migrantes agricultores/as? Como expulsar os exploradores da Amazônia? Tanto mal existente na vida do povo. Desmatamento, queimadas, grandes projetos de mineração, hidrelétricas, monocultura da soja que só serve para enriquecer grandes grupos econômicos que expulsam os pobres da terra?

            Como Missionários do Verbo Divino na Amazônia somos convocados a sermos solidários com os pobres em defesa da Justiça e da Paz e da Integridade da Criação, denunciando tudo que destrói a vida na Amazônia.

Pe. José Boeing, SVD