Arquivo da categoria: Reflexão Dominical

Reflexão Dominical: III Domingo de Quaresma de 2023

     A Vida de Negro é digna! Essa expressão tem peso para os movimentos internacionais que lutam contra discriminação às pessoas negras nos EUA. Todas as vidas são dignas, inclusive a vida de Negro. Pensamos assim também?

O Ódio e a Discriminação

O ódio é construído, nunca foi nascido naturalmente. Ele provoca a violência e causa a morte. Está sendo ruim porque o ódio já chega às portas das nossas famílias. A história da Bíblia, nos conta sobre a realidade discriminante dos Judeus aos Samaritanos. Os Judeus que viviam no Norte, inclusive os Samaritanos, eram conquistados pela Assíria. Aí, os homens se casavam com as mulheres dessa nação. Por causa desse casamento, os Samaritanos mudaram a sua religião.  Para os Judeus, mudar a religião é um ato que merece a maldição qual é mérito dos impuros. Os impuros não têm lugar no Judaísmo, aliás, sofrem a discriminação da sociedade judaica.

No evangelho, ouvimos a história de uma mulher Samaritana veio a um poço para tirar água.  Foi lá bem na hora de meio dia. Ela estava naquela hora por causa do medo de ter visto por um Judeu. Também, ouvimos que ela tinha 5 maridos e ainda tem um que vivendo juntos com ela. Então, podemos imaginar que os outros samaritanos também tinham preconceitos sobre ela. Ela sofria discriminação por tudo mundo. Aí, Jesus se aproximou dela e começou a conversar.  Jesus é homem sem preconceito, livre do pensamento tradicionalista sobre PURO e IMPURO da sociedade judaica. Não existe ódio no coração dEle para dialogar com a Samaritana.

Jesus quer que arranquemos o ódio e a discriminação da nossa vida. São Francisco de Assis fez uma boa oração: “Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor”. Nesse mundo, está cheio de ódio. Por isso, as guerras não param, aliás, só acabaram por destruir a vida de tantas famílias. Ninguém vai sair vitorioso dessa guerra de ódio, porque ódio apenas construir a eternidade da cultura da morte.

A Água Viva

Jesus pediu a mulher para lhe dar água: “Dá-me de beber”. Para ela, seria impossível se um Judeu pedisse assim: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?” Mas Jesus fez uma impossível feita possível.” Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”.

A Samaritana ficou feliz porque Jesus conversava com ela e se oferecendo como fonte de água viva onde ninguém vai ficar com sede. “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”. A ciência disse que até 3 dias homem consegue viver sem água.  Imaginamos como ela ia ficar sem sede por muitos anos depois dessa situação de sede que ela tinha passado.

            Nessa vida, encontramos muitas situações de sede. Muitas pessoas pensam que as coisas superficiais conseguem satisfazê-las de sede. Tudo mundo quer ser feliz, mas acabaram por ficar tristes. Porque eles acham que a riqueza mundana consegue satisfazer eles mesmo que o ódio, o rancor e a discriminação permanecem nos corações. Nunca vai resolver nada se os corações maldosos ainda têm reinado o nosso mundo. A sede de paz vai ser sempre o sonho que dificilmente realizado.

A Samaritana estava com sede do amor, atenção e aceitação. O Jesus foi uma primeira pessoa que lhe mostrou o amor real e caridade. Neste tempo de Quaresma, deixamos o Senhor mudar nossas vidas. Que o Senhor se faça mansos os nossos corações duros e pecaminosos que temos. Deixemos o senhor entre em nossa sede. Santo Agostinho disse, “Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti”. Tudo é possível para Deus como aconteceu para a Samaritana, se encontramos Jesus na fé que diz o Salmo: “Hoje não fecheis o vosso coração, / mas ouvi a voz do Senhor!”

Irmãos e irmãs em Cristo, todas as pessoas têm os direitos iguais e uma vida digna. Temos a dignidade onde Deus coloca em nossos corações. Todas as Vidas têm valores. Todas as almas são importantes para Deus. Então, não deixemos o ódio destrói este valor. Que nossos pecados sejam perdoados pelas graças das conversões e pelo sacramento da confissão. Que Deus não falte em misericórdia para todos nós.

Eugênio Baldômar, SVD

Reflexão: 2º Domingo da Quaresma

O texto proposto para este ano é o relato de Mateus 17,1-9. É um texto muito rico em teologia e simbologia. A transfiguração é, portanto, a resposta de Jesus à incompreensão dos discípulos acerca da sua identidade, e uma demonstração de que cruz e glória fazem parte de um mesmo caminho: o destino do ser humano é a glória, mas essa passa pela cruz.

“Seis dias depois” de ter anunciado a sua morte, Jesus mostra aos discípulos a vida em plenitude; o sexto dia foi o dia da criação do homem e da mulher (cf. Gn 1,26-31), e é nesse dia que Jesus manifesta o ser humano em sua máxima dignidade e realização.

A montanha é, por excelência, na linguagem bíblica, o lugar do encontro com Deus. Não apenas um dado geográfico, mas teológico; toda ocasião de encontro e intimidade com Deus é uma subida à montanha. Inclusive, é em Mateus que a montanha tem mais relevância do que em qualquer outro evangelho: é lá onde Jesus faz as coisas mais importantes: pronuncia as bem-aventuranças (5,1), multiplica os pães (15,29), e como Ressuscitado, aparece aos discípulos no monte (28,16). No alto da montanha, Jesus “foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (v. 2). Diante da incredulidade e resistência dos discípulos em aceitar a morte, Jesus antecipa para eles o resultado da paixão: a manifestação gloriosa do Filho do Homem e, portanto, de Deus nele. Não apenas o rosto brilhou, mas todo o seu ser, inclusive suas vestes. As mesmas imagens e cores da glória de Deus ao longo da história são reveladas em Jesus; a luz é também sinal do que é novo: à medida em que o Reino de Deus vai sendo implantado, o universo todo se renova.

O convite é ouvir Jesus, o Filho Amado, coloca-Lo como centro de nossa vida e  evangelização, devemos anunciar Jesus, o Evangelho, mas da maneira certa, sem alimentar falsas ilusões, nem omitir as suas verdades. E somente à luz da ressurreição é que esse anúncio se torna eficaz e perfeito. É melhor silenciar do que anunciar de modo equivocado. O anúncio distorcido é, sem dúvidas, consequência de uma escuta superficial. Aqui está um dos ensinamentos mais importantes para as comunidades de todos os tempos: a necessita da escuta de Jesus, o Filho Amado. Escutando corretamente Jesus acontece a conversão pessoal e comunitária, e viveremos a sinodalidade tão sonhada em nosso tempo.

Pe. Arilson Lima, SVD