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REFLEXÃO DOMINICAL: TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOA 2023

OS DISCÍPULOS DE EMAÚS

           Olhemos para a experiência dos dois discípulos de Emaús, sobre a qual fala o evangelho deste terceiro domingo da Páscoa (Lc 24,13-35). Imaginemos a cena: dois homens caminham desiludidos, tristes, decididos a deixar para trás a amargura de um caso malsucedido. Antes daquela páscoa estavam cheios de entusiasmo. Estavam convencidos que que tempos novos se avizinhavam para todo o povo. Jesus combateria a batalha decisiva e manifestaria o seu poder. Mas não foi assim. Aquela cruz erguida no calvário era o sinal eloquente de uma derrota que não tinham previsto. Os peregrinos cultivavam uma esperança somente humana, que agora desabava.

Assim, naquela manhã de domingo, os dois fogem de Jerusalém. Ainda levavam na lembrança o momento da paixão, a morte de Jesus. Aquela festa da Páscoa, que devia entoar o canto da libertação, transformou-se pelo contrário no dia mais doloroso da sua vida. Deixam Jerusalém para ir a alguma vila tranquila.

Querem apagar uma recordação amarga. Portanto, encontram-se numa estrada, andam tristes. Este cenário, a estrada, já tinha sido importante nas narrações dos evangelhos; agora tornar-se-á cada vez mais relevante, no momento em que se começa a narrar a história da Igreja.

O encontro com Jesus parece casual: assemelha-se a uma das numerosas encruzilhadas que se encontram na vida. Os dois discípulos prosseguem pensativos e um desconhecido caminha ao lado deles. É Jesus, mas os seus olhos não são capazes de o reconhecer. Jesus começa então, como diz o Papa Francisco, a sua “terapia da esperança”. O Papa, numa audiência Geral diz: “o que acontece aqui é uma terapia da esperança. Quem a faz? Jesus”.

Jesus pergunta e escuta: embora já conheça o motivo da decepção dos dois, deixa-lhes tempo para poder sondar profundamente a amargura que se apoderou deles. Daqui surge uma confissão que é um refrão da existência humana, da vida de cada pessoa: “Nós esperávamos, mas…nós esperávamos, mas… Quantas tristezas, quantas derrotas, quantas falências há na vida de cada pessoa! O Papa Francisco na sua audiência geral de maio de 2017 continua a sua reflexão: “ No fundo somos todos um pouco como esses dois discípulos. Quantas vezes na vida esperamos, quantas vezes nos sentimos a um passo da felicidade e, no fim, ficamos desiludidos. Mas Jesus caminha com todas as pessoas desanimadas. E caminhando com elas, de forma discreta, consegue restituir-lhes a esperança”

Jesus mostra-lhes as escrituras. Mostra-lhes o verdadeiro caminho do Messias. Quem pega o livro de Deus nas mãos não se cruza com histórias fáceis, campanhas de conquistas heroicas. A verdadeira esperança passa sempre através das derrotas e da dor. A esperança de quem não sofre, não é esperança. O nosso Deus é uma chama frágil, fustigada pelo vento e o frio, mas, embora sua presença neste mundo possa parecer frágil, ela continua acesa, nos guiando e dando esperança.

Em seguida Jesus repete aos dois discípulos o gesto fulcral de cada eucaristia: pegou no pão, o abençoou, o partiu e o ofereceu. Esta é toda a história de Jesus, pão repartido para saciar as fomes da humanidade. Mas também em cada eucaristia há o sinal do que deve ser a igreja: Jesus pega em cada um de nós, nos abençoa e parte a nossa vida para a oferecermos aos outros, a todos.

Este encontro dos discípulos de Emaús mostra-nos que a comunidade cristã não está fechada numa igreja o u sacristia, mas caminha no seu ambiente vital: a estrada. E ali encontra as pessoas com suas esperanças e as suas desilusões, por vezes pesadas. A Igreja escuta as histórias de todos, para depois oferecer a Palavra de vida, o testemunho do amor, amor fiel até ao fim. E então o coração das pessoas volta a arder de esperança.

Todos já tivemos momentos difíceis, obscuros; momentos em que caminhávamos tristes, pensativos, sem horizontes. Jesus sempre está ao nosso lado para nos dar esperança, para nos aquecer o coração e dizer: “ vai em frente, não desanimes, estou contigo. Vai em frente. ” O segredo da estrada de Emaús é este: mesmo através das aparências contrárias, continuamos a ser amados, e Deus nunca deixará de nos querer bem. Deus caminhará sempre conosco, sempre, mesmo nos momentos mais dolorosos, nos períodos mais difíceis. Vamos em frente com esperança, porque Ele está ao nosso lado e caminha conosco, sempre!

Pe. José Cortes, SVD

REFLEXÃO DOMINICAL: II DOMINGO DE PÁSCOA 2023

Celebramos o segundo Domingo da Páscoa que é conhecido como o Domingo de Misericódia. Evangelho relata duas aparições de Jesus Cristo Ressucitado. Na primeira ele se manisfesta desejando a paz aos seus discípulos. Disse Jesus: “A PAZ ESTEJA CONVOSCO”. Nesta primeira aparição, Tomé não está presente e duvida das palavras dos seus companheiros.  E aí quando Jesus manifesta pela segunda vez diante de Tomé e dos outros discípulos. Nesta aparição, Cristo ressucitado pede ao Tomé para que o toque e deixe de ser incrédulo. Jesus nos convida de fazermos nossos quatro valores essenciais para vivermos e convivermos de forma mais digna e humana: a fé, reconciliação, paz e alegria.

A fé é a base e raiz de onde emana todos os demais valores humanos e critãos. Ela é motor que nos movimenta dinamizar a nossa vida. Sem fé tudo pode desmonar-se a nossa vida. Sem fé tudo pode converter-se em materialismo, medo, segurança, em noites escuras, tristes e depressivas. Sem fé tudo pode reduzir-se em tocar ou ver para crer. E dessa maneira pedimos as mesmas atitudes de Tomé. Se não ver a marca dos pregos nas suas maõs, se não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no eu lado, não acreditarei. Neste sentido, podemos considerar a fé como o primeiro fruto da ressureição de Jesus. Porém, a fé não pode ser traduzida em uma bela teoria ou mesma filosofia. Assim sendo, a fé deve levar-nos ou transformar-nos em pessoas novas como autêntico seguidores de Jesus e discípulos da reconciliação. Disse Jesus: “a quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados. A quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. A fé que não nos leva a reconciliação é vazia e sentido. Quando a fé se manifesta na reconciliação, brota do coração humano a paz porque perdoar e ser perdoado é fazer possível a paz e a comunhão entre todos os irmãos. Quando a fé se faz reconciliação, passamos no ressentimento da violência a estender as nossas mãos a todos sobretudo abrir o nosso coração aos demais, convivendo como verdadeiros irmãos. Quando a fé se faz reconciliação, a paz não vem sozinha. Vem acompanhada da alegria. Versículo 20 do Evangelho, nos diz que os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Essa alegria não é qualquer uma. Ela é fruto da paz que surgir da alma. Se alegria não está presente na nossa vida cristã e humana é sinal de que não estamos desfrutando da fé feita da reconciliação. A alegria cristã é o fruto e signo de uma fé autêntica.

Que o Senhor nos faça homens de fé, reconciliação, da alegria e semeadores da paz com Cristo Ressucitado. AMÉM.

Pe. Rivanildo Pedroso, SVD

Missionário na Espanha