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REFLEXÃO DOMINICAL: II DOMINGO DA QUARESMA 2024

          Meu querido irmão-irmã em Cristo! Na Quarta-Feira de Cinzas nós vimos 3 bases para ajudarmos a vencer esses 40 dias da quaresma: Oração, Jejum e Caridade (Esmola), e no primeiro domingo da quaresma vimos as tentações de Cristo. E hoje a liturgia nos ajuda a entender os efeitos da vida de oração. O que a oração faz conosco? Orar não é só para pedir mas é para entender o que Deus pede e quer de nós. As leituras de hoje trazem para nós algo muito semelhante. Tanto a primeira leitura quanto o evangelho. Ambas acontecem na montanha. A montanha para o mundo bíblico é algo muito sagrado pois a montanha é o lugar onde Deus se manifesta e falar. Montanha é o lugar de se encontrar, falar e ouvir a Deus. Abraão é levado a montanha para poder sacrificar o seu filho em nome de Deus. Como entender esse Deus que pede alguém para sacrificar o seu próprio filho? E, interessante que muitos até hoje ainda acreditam que Deus enviou seu filho para morrer na cruz. Como entender esse Deus que mandou sacrificar seu Filho? No evangelho mais uma vez porque que Jesus levou os 3 discípulos para a montanha? Porque 6 dias antes Jesus falou com eles que Ele queria ir para Jerusalém e iria ser preso, rejeitado e morto e quem quiser segui-Lo deveria renunciar-se a si mesmo e tomar a sua cruz. Como entender alguém que pede para carregar a cruz? E nós? Porque que temos que continuar a renunciar a nós mesmos e carregando a cruz?

Meu querido irmão-irmã em Cristo! As vezes na nossa vida acontecem situações que também não entendemos. E costumamos dizer: “Era vontade de Deus. Chegou a hora ele morreu”. Mas porque a vontade de Deus causa tanta dor e sofrimento? Pense bem que a cruz não vem de Deus, Deus não quer a morte nem sofrimento. O que Deus provoca neles é um chamado, é um exercício a plenitude do ser. Deus levou Abraão para a montanha para o encontro com Deus, que é a oração, para entender o caminho de Deus. Jesus também levou os 3 discípulos para a montanha para o encontro com Deus, para a oração, para entender o caminho da cruz.

Oração é mais do que pedir a Deus. Oração é entender o que Deus pede e quer de nós. Abraão vem de uma cultura muito pagã. Na sua cultura que ele vivenciava e tinha em comum sacrifício de pessoas. Deus permite que ele entenda o seu sacrifício, como sacrifício do seu filho. Quando Abraão chegou na montanha para matar o seu filho, aí que ele entende a vontade de Deus. Deus permitiu que Abraão vivesse aquela situação, para que Abraão pudesse experimentar o máximo do desapego humano.

Amor não apega. O amor desapega. Quanto mais eu amo mais fico despegado. Amor pleno é de desapego. O amor pleno é para você se entregar totalmente a Deus. Por isso que Deus faz a cultura de Abraão, permite que ele chegue até tal ponto para que Abraão, viva o total desapego. Abraão foi capaz de oferecer seu filho por uma fé. Por isso que Abraão é honrado como Pai de Fé, depois Nossa Senhora que ofertou seu filho Jesus. Então Deus não foi cruel! Deus levou Abraão a plenitude do amor.

No evangelho Deus não enviou seu Filho para morrer na cruz. O que é a cruz? A cruz era a justiça romana. Deus permite que seu Filho vá até o máximo da crueldade humana para mostrar o máximo do amor divino. Jesus na cruz mostrou amor pleno para a humanidade toda. Jesus disse: “Pai afaste-me esse cálice, mas seja feita a tua vontade, não é a minha”. Orando Jesus entende o que era uma cruz. A cruz era uma maneira de mostrar o mal humano o que é o amor pleno. No evangelho depois de falar aos apóstolos sobre a dor e o renuncio, Jesus nos convida à montanha, ao Calvário. Jesus foi crucificado na montanha. Jesus quando chegou na montanha Ele se transfigurava para mostrar aos discípulos que se eles assumirem esse caminho, também vão se transformar porque Jesus se transfigurou na ressurreição.

Meu querido irmão-irmã em Cristo! Nesse tempo quaresmal somos convidados a entender o caminho da cruz. A cruz, o sofrimento não é algo desejado por Deus, mas é o caminho da transfiguração. Se eu não aprenda a controlar a minha natureza humana eu me perco. O renuncio a si mesmo é aprender a controlar seus instintos, a controlar a sua natureza. Por isso que amar no mundo dos homens doe. A dor não vem do amor, mas a dor vem daqueles que não amam de verdade. Por isso Jesus nos pede para fazer oração, jejum e caridade para renunciar a si mesmo. Quando o Pedro entendeu a proposta de Jesus, ele desejava ficar lá na montanha. Mas Jesus disse: “Não Pedro, temos que descer da montanha. Temos que descer para as pessoas entenderem que sua cruz é sua responsabilidade, o seu compromisso, o seu casamento, a sua vocação, assuma, carregue e vai até o fim. Quando você carregue, você vai se transfigurar. O seu melhor vai vir, começa aqui na terra e vai até na eternidade.

Então meu querido irmão-irmã em Cristo! O que Deus quer de mim e de você? A liturgia de hoje nos diz: que eu seja pleno, que eu seja melhor do que ontem, e que você também que seja plena. Abraão entendeu, Pedro entendeu, porque subiram na montanha, na oração. Então sem oração, sem escutar a Deus, não vamos entender Ele. Pedimos a graça de escutar a Palavra de Deus, a graça de entender o que Deus quer de nós? O que Deus quer de você? O que Deus quer de mim? Eu me lembro no dia do enterro do meu pai, não consigo chorar, e minha mãe olhou para mim e disse: “Meu filho, entrega na mão de Deus! Deixa Deus cuidar de tudo. Lembrem-se do primeiro mandamento da Lei de Deus: “AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS”!. O salmo de hoje diz para nós: ‘Guardei a minha fé mesmo dizendo: “É demais o sofrimento em minha vida!’” É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos. Eis que sou vosso servo, ó Senhor”. Meu caro irmão-irmã em Cristo! Sejamos de Deus, porque Ele nunca quer a sua dor, Ele só quer o seu melhor. Seja melhor do que ontem. Entregue tudo na mão de Deus mesmo que você não entende. Deixe Deus cuidar de tudo. Em tudo, dai graças a Deus. LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO! PARA SEMPRE SEJA LOUVADO. AMÉM.

Pe. João Lopo Loin, SVD

REFLEXÃO DOMINICAL: I DOMINGO DA QUARESMA 2024

O PROJETO DE DEUS: A NOVA CRIAÇÃO

          A liturgia do primeiro Domingo da Quaresma deste ano (Ano B) nos ensina que Deus nunca deixa de amar a sua criação e de cuidar do ser humano. Mesmo apesar do pecado e do mal, que as vezes parecem dominar os homens a o mundo, a graça e a bondade de Deus sempre prevalecem no final. E qual é o projeto, o desígnio, o sonho de Deus para o homem e o mundo?  

            Um mundo e homem NOVOS. Uma criação NOVA e RENOVADA. E as leituras deste Domingo nos ajudam a entender qual é a Vontade de Deus para nós.  

            A primeira leitura, do livro de Génesis 9, 8-15, nos mostra como Deus estabeleceu uma Aliança eterna com a humanidade (aqui representada por Noé e sua família) depois do Dilúvio. Depois dessa grande catástrofe que destruiu a humanidade pecadora e corrupta, Deus RENOVA a sua criação. Mas não sozinho! O homem também é responsável pelo Mundo Renovado. Como vemos na Bíblia Deus sempre agi no mundo com a PALAVRA e o SINAL da Palavra. A Palavra de Deus é a PROMESSA (a “Aliança”) que Ele faz com Noé. Nunca mais Dilúvio (“morte”)! Mas sempre Perdão e Conversão. E como MEMORIAL da Aliança um símbolo importante: o Arco-íris! As forças da morte e do pecado não tem a última palavra, mas a vida e o perdão.  

            A segunda leitura retoma esse tema de Pecado-Morte para Vida-Perdão. Pedro, escrevendo para as comunidades cristãs que viviam às margens das cidades, nos campos e lavouras, procura animar as suas lideranças. Pedro compara a situação de injustiça e discriminação que as comunidades sofriam com o que Cristo (o “Justo”) passou na sua Paixão. A mensagem é clara: se Cristo que era o Justo e Inocente sofreu tanta injustiça e morte na cruz quanto mais nós, que somos todos pecadores! E aqui Pedro chama a atenção para um SINAL importante do cristão e cristã: a água do Batismo. Mas aqui a água simboliza a Vida RENOVADA (a “Aliança eterna”), enquanto no Dilúvio era símbolo e instrumento da Morte. Assim, escreve Pedro, o poder de Deus e de Cristo está acima dos que governam este mundo (“céu”). Mas sempre em defesa da Vida e nunca da Morte.  

            O Evangelho de Marcos deste domingo (Marcos 1,12-15) mostra o início do ministério de Jesus logo depois da prisão de João Batista. Jesus inicia a NOVA ALIANÇA, o tempo NOVO. O “Reino de Deus” proclamado por Jesus é esse TEMPO NOVO. A Antiga Aliança é agora NOVA. Mas para entrar nesse Tempo devemos não apenas acreditar no Evangelho, mas coloca-lo em prática, nas nossas vidas. Principalmente neste nosso tempo de conflitos, guerras, divisões, crise ecológica, etc., devemos, mais que nunca, enraizar nossa fé no Evangelho que Cristo proclamou e viveu. Fica a pergunta pra nós: “Temos a coragem e a fé suficiente para enfrentar os problemas de nosso tempo? Transformar as nossas vidas e nosso mundo para o bem?”  

Denes Fernando Costa da Silva, SVD  

Roma, fevereiro de 2024