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REFLEXÃO DOMINICAL: XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM 2024

              Frequentemente, ouvimos lamentações, questionamentos e queixas sobre a atuação de Deus no mundo. Muitos questionam por que há tantas injustiças, violências, mortes de pessoas boas e fome no mundo. Acusam Deus de permitir e de se omitir em relação a fome, pobreza e miséria.  O salmista de hoje afirma o contrario:  Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos/E transmitiram para nós os nossos pais/Não haveremos de ocultar a nossos filhos/Mas à nova geração nós contaremos/As grandezas do senhor e seu poder/O senhor deu a comer o pão do céu/Ordenou, então, às nuvens lá dos céus/E as comportas das alturas fez abrir/Fez chover lhes o maná e os alimentou/E lhes deu para comer o pão do céu/O senhor deu a comer o pão do céu/O homem se nutriu do pão dos anjos/E mandou-lhes alimento em abundância/Conduziu-os para a terra prometida  /Para o monte que seu braço conquistou/O senhor deu a comer o pão do céu (Sl 77).

Na primeira leitura conta-se como Deus distribuiu ao seu Povo o maná, o alimento diário de que o Povo necessitava para enfrentar as dificuldades da caminhada entre a terra da opressão e a terra da liberdade. Esse “pão”, além de satisfazer a fome física do Povo e de lhe permitir sobreviver no deserto, também o ajudou a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades estreitas e egoístas, a encarar a vida com fé e confiança em Deus. Porém, o “homem velho”, expressão usada por São Paulo tempos depois, sente saudade dos tempos da escravidão. É ingrato com Deus e lamenta, num momento de crise. Esquece todo o bem que Deus fez por gerações e gerações. Este representa aqueles que focam toda a sua vida nos bens materiais. Eles aparecem no evangelho deste 18° domingo do tempo comum. Eles vão atrás de Jesus devido ao milagre que celebramos no domingo passado: a multiplicação dos pães. Quem hoje não gostaria de ter alguém que lhes desse o pão todos os dias sem ter que trabalhar arduamente todos os dias? Neste ano de eleição alguns candidatos se aproveitam desta fraqueza do ser humano para conseguir votos, doando comida. Jesus propõe um outro tipo de alimento: o seguimento dos seus ensinamentos. Um pão que jamais se acaba quando assumido integralmente na vida do “homem novo”. Obviamente, num país como o Brasil, que tantos milhões de pessoas passam fome, não podemos relativizar o problema da fome física. Ele é real. No entanto, não adiantaria ter pão em abundância e continuar tendo fome de sentido pra vida, fome de amor, fome de fé, Já temos também milhes de pessoas que vivem assim ricas e vazias, famintas e sedentas. Temos ainda pessoas que tem saudade da sua história passada, antes da conversão. Elas põem a mão no arado e olham para trás. Adoram falar do tempo em que fazia tudo errado, tempo em que não eram “convertidos”.

              Neste mês vocacional que se inicia, peçamos a Deus que mantenha em nossos corações o convite de Jesus: ”Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece ate a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. Neste domingo rezemos tampem pelos nossos padres que nos proporcionam, através da celebração da Eucaristia o pão maior, o pão do céu.

Pe. Aparecido, SVD

REFLEXÃO DOMINICAL: XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

         

         Nesta liturgia estamos vivendo 16º Domingo do Tempo Comum. O Evangelho conta um pouco as atividades missionarias de Jesus e os discípulos. A evangelização e a preocupação com a vida de tantos irmãos doentes e marginalizados são atividades essenciais neste evangelho de São Marcos. Jesus se apresentava como como o Bom Pastor. A sua compaixão é decorrente da constatação de que “eram como ovelhas sem pastor”. E toma como atitude para aliviar a multidão “ensinar-lhes muitas coisas”.
          Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não tem pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas. (Mc. 6,34). Eram, como, ovelhas sem pastor. Sentia as carências de seu povo e se compadecia dele. Ele teve compaixão e se aproxima deles. Era, verdadeiramente, o Bom, o Belo Pastor. 
          O que significa a compaixão? Palavra composta de outras duas: compaixão. Estar com na paixão do outro, na cruz do seu sofrimento. Sentir a dor do outro e, juntos, buscar soluções alternativas. Estar com, não significa dar coisas, mas dar-se. Dar o próprio tempo, colocar-se à disposição. Em síntese, significa caminhar junto com aquele que sofre. Assumir sua dor e tentar encontrar saídas para superar os momentos difíceis. É a virtude de compartilhar o sofrimento do outro gerando proximidade. A dor do outro desacomoda, tira da indiferença e desafia a tomar uma atitude, a encontrar uma resposta para aliviar o sofrimento.
         A atitude de Jesus Cristo, como Bom Pastor, foi ensinar a multidão. Em tempos de insegurança, de falta de rumo as multidões estão fragilizadas e confusas. É frequente, neste contexto, que lideranças adotem “ensinamentos” revestidos de falsidade gerando expectativas impossíveis de serem concretizadas. São as famosas “promessas” irrealizáveis. Os Evangelhos registram que o ensinamento de Jesus tinha diferenças fundamentais de outros mestres, “pois ensinava com autoridade”.
         Jesus veio implantar o Reino de Deus na terra. O Reino de Deus é composto de homens, e mulheres e suas realidades humanas, tais como: verdade, justiça, solidariedade e paz. No Reino de Deus não devem acontecer injustiças, abandono e desordem. No entanto, vemos que o povo está desorientado, confuso e as vezes sem sentido na vida. Jesus agiu e quer continuar agindo, pelos discípulos, como Bom Pastor e manda aos discípulos fazer o mesmo, ontem, hoje e sempre. Por isso não podem ficar indiferentes ou insensíveis diante das injustiças e corrupções e guerra que pisa forte em pobre inocente. Num mundo profundamente que sofre injustiças e em condições de vida desumanas, nossa fé chama-nos a reconhecer a presença de Cristo nos pobres e oprimidos. Portanto, deixemo-nos interpelar pelos
que estão à beira do caminho – e são tantos! – aguardando nossa compaixão. Vamos sensibilizar nosso coração, habituado a ver tanta pobreza e miséria que já não se compadece. Que sejamos comprometidos com a voz profética, que anuncia a paz, a justiça e a transformação de toda a criação de Deus.

Deus lhes abençoe e Viva Deus uno e Trino

 

Por: Pe. Adventino Nandus, SVD