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REFLEXÃO DOMINICAL: II DOMINGO DO ADVENTO 2023

PREPARAR OS CAMINHOS DE DEUS

NO CORAÇÃO E NO MUNDO

            “Preparai o caminho do Senhor e endireitai as suas veredas. Todo o vale será aterrado, todo o monte e colina serão rebaixados; os caminhos tortuosos ficarão direitos e os esburacados se tornarão planos. E toda a criatura verá a salvação de Deus.” (Lc 3,4ss.). A vinda de Jesus Cristo abre caminho, Ele é aquele que “rompe todas as cadeias” (Miq 2,13), que “faz em pedaços as portas de bronze e quebra as barras de ferro” (Sl 107, 16), “derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes” (Lc 1,52). É com este anúncio de esperança que recria a vida e o ser humano que celebramos o segundo domingo do advento.

              A vinda de Jesus é um caminhar na luta constante contra o mal. Não é esmagar o ser humano, mas quer nos encontrar em atitude de humilde expectativa, num caminho de conversão, a sua vinda foi preparada pelo convite a preparar o seu caminho. Tal preparação não é apenas um acontecimento interior, mas um agir que transforma a realidade de modo visível e de amplas proporções. “Todo o vale será aplainado.” Tudo o que caiu na miséria humana mais profunda, tudo o que foi pisado e humilhado será exaltado. «Todo o monte e colina serão nivelados.” Se Cristo há de vir, é necessário que toda a soberba, todo o orgulho se dobre.

            O caminho de Cristo é um caminho de recriação, de compaixão e misericórdia, mas também de justiça. Por isso, o caminho em que Cristo quer vir ao ser humano deve ser um caminho direito, um caminho transformador. “Os caminhos esburacados se tornarão planos”. Os apegos, a arrogância e a recusa podem ter endurecido de tal modo o ser humano que Cristo só com a ira pode aniquilar o recalcitrante e já não pode entrar nele com a sua graça, que a porta se fecha à vinda de Cristo na graça e nenhuma porta se abre àquele que nela bate.

            Cristo vem e abre o seu caminho, esteja ou não preparado o ser humano. Ninguém pode impedir a sua vinda, mas podemos opor-nos à sua vinda na graça, ao seu amor. Há condições do coração, da vida e do mundo que impedem de modo particular a recepção da graça e do amor Divino, que tornam infinitamente difícil a possibilidade de crer e comprometer-se com o projeto de Jesus. Mas tudo isto não nos dispensa de preparar o caminho para a sua vinda, de remover tudo o que a impede e dificulta. Não será a nossa indiferença que impedirá a sua vinda. Podemos tornar difícil para nós e para os outros o acesso à fé., mas não a vinda de Cristo e de seu Reino.

            É difícil para quem se encontra mergulhado no desânimo, na preguiça, no abandono, na pobreza, na impotência mais profunda crer na justiça e na bondade de Deus; é difícil para aqueles cuja vida mergulhou na desordem e na ausência de disciplina para escutar com fé a Palavra Divina; é difícil ao que está saciado pelo poder; é difícil a quem se deixou iludir pela heresia das mentiras e que se tornou interiormente e indisciplinado para encontrar a simplicidade e humildade necessária para se entregar, de coração, a Jesus Cristo.

            Mas tudo isto não exclui a tarefa da preparação do caminho. Trata-se antes de uma incumbência de enorme responsabilidade para todos os que sabem da vinda de Jesus Cristo. O faminto tem necessidade de pão, o sem teto de uma habitação, aquele que foi privado dos seus direitos de justiça, aquele que está só de companhia, o desregrado de ordem, o escravo de liberdade. Seria uma ofensa para Deus e para o próximo deixar o faminto na fome, porque Deus estaria de modo muito particular próximo justamente da necessidade mais profunda. Por amor de Cristo, amor que concerne tanto ao esfomeado como a mim, partimos com ele o pão, partilhamos com ele a habitação. Se os necessitados não chegam à fé, a culpa recai sobre aqueles que lhe recusaram o pão e o o testemunho da Palavra  divina. Proporcionar o pão ao esfomeado significa preparar o caminho para a vinda de Jesus, dando o testemunho do amor, da justiça e misericórdia divina.

            Preparar o caminho para Cristo não significa apenas criar determinadas condições desejáveis e convenientes, por exemplo levar a cabo um programa de reformas sociais. Se é verdade que a preparação do caminho consta de intervenções concretas no mundo visível, se é verdade que a fome e a sua satisfação são concretas e visíveis, é também verdade que o fato decisivo é que semelhante ação seja uma realidade espiritual porque, em última análise, se não trata justamente de reformar as condições do mundo, mas da vinda de Jesus Cristo. Só a uma preparação espiritual do caminho se seguirá a vinda do Senhor que que nos quer comprometidos coma conversão pessoal e social.

            Somos, então, neste segundo domingo do advento, convidados a rever nossa prática religiosa, e tomar uma decisão, fazendo um êxodo pessoal: abraçar a religião profética, abandonando todas as práticas das antigas estruturas, renovando a maneira de conceber Deus e abrindo-se ao Espírito Santo, dom de Jesus, o balizador por excelência.

            Mas isto significa que as ações visíveis que devem ter lugar para preparar os homens em vista do acolhimento de Jesus Cristo devem ser atos de humildade perante o Senhor que vem, ou seja, atos de penitência, de solidariedade, de justiça e de paz. Preparar o caminho quer dizer penitência (Mt 3,1ss.). E penitência significa conversão concreta, penitência exige ação, exige compromisso e fidelidade coma s causas do reino de Deus.

Pe. Arilson Lima, SVD

REFLEXÃO DOMINICAL: I DOMINGO DE ADVENTO 2023

Cf. SI24,1-3. 

A vós, meu Deus, elevo a minha alma, e confio em vós. Que eu não seja envergonhado, nem se riam de mim os meus inimigos! Pois não será desiludido quem em vós espera.

1ª Leitura: Is 63,16b-17.19b;64,2b-7.  SL79(80),2ac.3b.15-16.18-19. 2ª Leitura: 1Cor. 1, 3-9. Ev. Mc 13, 33-37.

            Irmãos e irmãs, com toda a Igreja iniciamos hoje mais um tempo Litúrgico, o ano B. Que esta caminhada litúrgica nos permita deixar-se conduzir pela espiritualidade do Advento, onde todos nós batizados e batizadas somos conduzidos pelo Espírito Santo do Senhor na alegria vivenciada pela prática da oração e vigilância e com a certeza no coração que esta vivência do Advento será mais uma vez a confirmação que o Senhor, Jesus Cristo, caminha conosco e continua sendo para todos nós, na noite de Natal o nosso mais expressivo e valioso presente.  
            Desse modo, neste 1º Domingo do Advento somos encorajados pelos textos bíblicos a continuarmos sempre confiantes no Senhor, que conosco caminha e nos mantém em atitudes constantes de fé, vigilância, cuidado e esperança. Na primeira leitura (Is 63,16b-17.19b;64,2b-7.),  transmiti  uma confissão de fé e suplica, a partir do contexto da confissão de fé do profeta Isaias  ao Senhor, pois a fé do profeta deixa  ao povo uma grande esperança e confiança na ação do Senhor e que Ele virá visitar seu povo eleito sempre e mostrar sua face salvadora para esse povo desesperançado que vivia numa realidade de desespero, de escravidão e morte no exilio, sentindo-se como ovelha sem pastor e sem nenhuma referência de um Deus da esperança e amor. Na segunda leitura (1Cor. 1, 3-9), Paulo exorta a confiança do amor de Deus a toda a comunidade, a todas as pessoas que confessam a fé, e vigilância na confiança e na graça com o seu filho Jesus Cristo. Ele lembra que em Cristo, toda a comunidade de fé é abençoada com sabedoria e esperança por todo os tempos.
            No Evangelho (Mc 13, 33-37), o evangelista Marcos na vivência do ensinamento de Jesus mostra que o próprio Jesus Cristo, adverte a comunidade a ter atitude constante de vigilância para que o Senhor, Deus da vida e de nossa história, Jesus Cristo, não nos surpreenda encontrando-nos dormindo, desanimados ou com sentimento no coração e pensamento egoísta de preguiça, ódio, soberba, fazendo ações de injustiça contra a pessoa indefesa, os pobres, as crianças, a natureza, o meio ambiente, etc. E sim, corroborando para a santificação e salvação da comunidade, da pessoa ao Senhor. Nota- se que a alerta de Jesus a sua comunidade de discípulos, a todos nós hoje, tem o intuito de fortalecer, ainda mais, a caminhada de fé e justiça da comunidade, da Igreja, mas para isso é preciso está sintonizada e alinhada com os ensinamentos de seu Evangelho. Pois esse alinhamento a Cristo Jesus e com sua chamada de atenção a comunidade, com outras palavras, vem dizer para a Igreja que tenha postura de vigilância, e fortaleça a vida da comunidade, da Igreja e cada pessoa, deixando-as de coração livre e puro com desejo de acolher Jesus e seus anjos na sua “segunda vinda” a esse mundo. Contudo, a atitude de vigilância como cuidado, atenção e dedicação na vida diária na comunidade e as pessoas, tem significante ajuda no processo de fortalecimento da fé, da esperança para superar todas as “tempestades” e dificuldades que porventura, vierem ao nosso encontro ao longo da vida. 
            Assim, meus irmãos e irmãs, neste tempo de Advento: tempo de vigilância, tempo de orarmos ainda mais ao Senhor, tempo de preparação para o Natal com Jesus Cristo em família, dediquemo-nos, ainda mais, na prática de boas atitudes, testemunhos de fé, amor, confiança e esperança na construção do Reino de Jesus Cristo na nossa Igreja, na comunidade e em nossas casas. E assim, estejamos conscientes na alegria que a família de Nazaré (Maria e José) virá nos visitar e pedir abrigo seguro nas nossas casas, nos nossos corações para que o filho de Deus, Jesus Cristo nasça e cresça conosco em nossas vidas.
            Portanto, a alegria da espiritualidade do Advento, bem como a estrela que guiou os três reis magos até Jesus, possa guiar também este encontro com Jesus Cristo na pessoa dos nossos irmãos e irmãs. Que possamos sempre vivermos a beleza do Natal no dia 25 de Dezembro e a cada dia na caminhada desse novo ano litúrgico, dando bons testemunhos de vigilância, fé, esperança, caridade, justiça e amor. 
            Desde já meus irmãos e irmãs, rogo a Deus por todos vocês, intencionando-os a todos vós a viverem na vigilância e proteção do Senhor nesse tempo do Advento. Um farto Natal com amor, paz e alegria e união em família. E um próspero 2024.

Fraterno abraço.
Pe. Antonio Rodrigues da Silva, SVD.