Arquivo do Autor: cortes

VISITA A OIAPOQUE

No mês de Abril, entre os dias 12 e 20, viajei para Oiapoque, via Cayenne. Parti de Santarém – Belém pela AZUL e de Belém para Cayenne, viajei pela companhia do Suriname. O voo de Belém a Cayenne demora 1h40m.

Cheguei 05.30h da manhã e o aeroporto estava deserto. Só descemos 03 pessoas e a entrada no país foi sem qualquer problema. O problema foi encontrar um taxi para ir para a cidade. Não havia qualquer taxi e tive que pedir a um funcionário do aeroporto, que ia chegando para trabalhar, para me chamar um taxi. O senhor ligou de seu celular e chamou um taxi de Cayenne. O taxi demorou a chegar uns 20 minutos e custou 35 euros (preço de tabela).

O taxista me deixou no ponto das vans que fazem o transporte oficial para São Jorge. As vans levam 08 passageiros mais o motorista, com cintos de segurança para cada passageiro, tendo de ser usados obrigatoriamente. O preço da passagem é de 30 euros até São Jorge e a viagem dura entre 3h30m e 03h.

Em São Jorge as vans param exatamente no ponto onde se podem pegar as lanças para Oiapoque, por isso segui imediatamente para lá, aonde cheguei às 11.30 da manhã do dia 13. A travessia dura 15m.

Chegando em Oiapoque logo fomos almoçar, já que os confrades estavam esperando para o almoço, junto com João Paulo que tinha chegado no dia anterior, por Macapá: encontrei bem o Paulo, o Agostinho e o Gregório.

Durante a visita falamos, eu e João Paulo, com os três confrades em separado e depois em conjunto, além de visitarmos a cidade de Oiapoque. Nesta viagem também reunimos com padre Nelo, irmã Rebeca e a equipe do projeto missão nas fronteiras.

Vou agora dar algumas informações e impressões de nossa missão em Oiapoque:

  1. A casa paroquial de Oiapoque recebeu algumas remodelações. Está ficando mais ajeitada, com pintura, instalação elétrica, reparos no salão paroquial, construção, ao lado da secretaria, de duas salas de catequese e reunião…
  2. Foi feito um acordo entre Paulo, Nelo e Bispo (diocese – CIMI ) de uso do complexo onde se encontra a casa paroquial. Assim foi acertado em definitivo o espaço do CIMI (Nelo) e o espaço paroquial. Foi feito um muro de divisão. Portanto as duas salas do lado da secretaria ficaram para a paróquia. Estão sendo reformadas e ficando bem bonitas.
  3. Ficamos entendidos que a missão indígena é inseparável da paróquia, ou seja, a missão junto aos povos indígenas faz parte integrante e integral da Paróquia Nossa Senhora das Graças, que tem, digamos, três áreas de atuação: Cidade de Oiapoque, comunidades rurais e comunidades indígenas. Foi pedido que a equipe que atende as comunidades indígenas também possa atender as outras comunidades da zona rural.
  4. Dom Pedro está empenhado em terminar a nova residência paroquial, mas a equipe sente que esta fica muito distante das pessoas e não tem sentido viverem no meio do nada. Assim optam por ir melhorando a atual residência, ficando a nova casa como opção para uma futura área pastoral ou outros serviços.
  5. A equipe agora constituída por três confrades está necessitando de um outro para a zona urbana e acompanhamento mais próximo do projeto MISSÃO NAS FRONTEIRAS (alguém se candidata?). Agostinho fica mais um triênio, Paulo está pensando seu futuro e Gregório se prepara para a formação específica do CIMI.
  6. A questão financeira praticamente está sanada. O único problema é que o auxilio da diocese para os confrades é muito irregular.
  7. MISSAÕ NAS FRONTEIRAS:

    Tivemos uma reunião onde participaram: Paulo, Agostinho, Gregório, Nelo, Rebeca, Irmã Teresinha, Rute Tavares (leiga) e irmã Zenilda (equipe do projeto Missão nas Fronteiras). Este projeto nos foi apresentado. Este projeto trabalha nas fronteiras do Brasil, Guianas e Suriname com algumas áreas específicas: tráfico humano, migrantes, Prostituição infanto-juvenil. Por sua localização também tem como área de interesse os garimpos e os povos indígenas.

  8. A equipe vive em Oiapoque na área do CIMI e iniciou as visitas na periferia de Oiapoque para conhecer a fundo a realidade e os dramas escondidos numa cidade fronteiriça onde fervilha um submundo desconhecido, ignorado e que ninguém quer enxergar.
  9. Por tudo isto a equipe SVD em Oiapoque não pode ficar alheia a este projeto, mas tem que o integrar. É um desafio ao qual temos que responder. Penso que teremos que pensar em Oiapoque como uma área prioritária de nosso trabalho e com grandes possibilidades de atuação neste projeto e no acompanhamento de toda esta problemática social.
  10. Como integrar este projeto e como vemos nossa presença na diocese de Macapá são questões que devem ser discutidas no próximo triênio: reforçar a equipe de Oiapoque? Como? Abrir uma casa de Macapá como apoio? Dentro de uma paróquia de periferia? Como fazer isto? É este o caminho?

Na volta por Cayenne saí de novo de lancha 02 horas da tarde de segunda feira dia 18 e logo tinha uma van que saía para a capital. Fomos só dois passageiros. Cheguei em Cayenne e logo apareceu de carro oPe. Joca ( João Silvino Figueiredo ) natural do Rio Grande do Norte, pertencente aos Oblatos de Maria Imaculada. Ele pertence à província brasileira dos oblatos, mas está emprestado há 10 anos para a província francesa, missão da Guyane para trabalhar com brasileiros e outros emigrantes, que vivem em Cayenne.

A casa fica num bairro chamado Rámire-montjoly e vive junto com dois franceses: Elias Lagrille de 76 anos e Jorge Laudin com 92 anos de idade. Fiquei com eles segunda de tarde e Terça Feira todo o dia, saindo dia 19 ás 10 da noite para o aeroporto.

Na minha visita a Cayenne conheci os bairros dos emigrantes, sobretudo brasileiros, que são em grande número numa cidade de 80 mil habitantes. Toda a Guiana tem somente 350 mil habitantes. Os brasileiros são acompanhados pelo Pe. Joca há 10 anos e está de saída para o Brasil. Também os oblatos nos propõem uma ajuda nesta pastoral de fronteira a partir de Oiapoque. Eles acham possível já que se está somente a 190 Km. Perguntam se não seria possível uma colaboração, já que não têm ninguém para o lugar de Pe. Joca. Eles acham que esta ação poderia ser colocada dentro do projeto missão nas fronteiras, assim como também uma futura colaboração em São Jorge do Oiapoque.

Bom, algumas coisas que devemos pensar no futuro se acreditamos que a nossa missão passa por aqui.

  1. Nosso futuro em MACAPÁ:
  • Paróquia-missão indígena
  • Projeto Missão nas fronteiras
  • Colaboração com os Oblatos em Cayenne e São Jorge
  • Paróquia na periferia de Macapá

THOMAS MORRISON

 

Nasceu em Belfast, Irlanda no dia 05 de Março de 1947. Filho de James Morrison e Isabella Morrison e chegou ao Brasil no dia 27 de Julho de 1976.

Fez seus estudos primários (1ª à 4ª série) de 1952 a 1958 em Belfast, na escola Sagrado Coração e a 5ª até à 8ª série na escola São Gabriel, também em Belfast.

Antes de terminar o segundo grau, deixou de completar o curso e se formou como enfermeiro psiquiátrico, profissão que exerceu durante alguns anos. Sentindo a vocação religioso-missionária, ingressou em 1967 num seminário que a SVD mantinha para as chamadas “vocações tardias” (na verdade alunos maduros sem o segundo grau completo) na vila de Carrog no País de Gales, para obter o diploma necessário.

De 1969 até 1972 fez seus estudos de filosofia no seminário de Donamon Castle, na localidade de Roscommon, Irlanda e estudou teologia de 1972 a 1976 no Divine Word Hostel em Maynooth, Irlanda.

Iniciou seu noviciado em 13 de Setembro de 1969 em Roscommon, professou seus primeiros votos em 14 de Setembro de 1970 e os votos perpétuos em 14 de Abril de 1975 em Maynooth. Sua ordenação sacerdotal aconteceu no dia 06 de Setembro de 1975 na paróquia Holy Cross, Belfast.

Depois da ordenação ficou ajudando em Dublin até que conseguiu seu visto de entrada no Brail. Seu primeiro trabalho foi em Guarapuava, Paraná a partir de 1976. Questionado sobre como se sentia no seu primeiro trabalho no Brasil, Thomás escreveu na sua ficha (1978):

” Acho o trabalho bem missionário. Também o trabalho atinge todas as áreas de pastoral. Por exemplo: Jovens, círculos bíblicos, saúde, liturgia, família, agricultura…”

À pergunta sobre seus trabalhos ou campos de evangelização preferidos ele responde: “Juventude, Catequese, Educação SVD e gostaria de me oferecer pra trabalho nos lugares mais necessitados do Brasil, por exemplo, no Norte”.

Na mesma ficha fala sobre os cursos que gostaria de fazer: “Catequese, educação, aconselhamento pessoal e NEMI”.

Por fim faz algumas observações pertinentes:

– “Dou meu apoio ao provincial e os seus conselheiros no desejo de achar novas pistas conforme o tempo de hoje”.

– “Não é bom que nossa força seja extraviada, isto é, no colocamento de nosso pessoal só dentro da província; o trabalho deve ser mais concentrado e feito em equipe.”

-“Gosto como as irmãs SSPS estão trabalhando com os padres aqui em Guarapuava.”

-“Mais ligação com as irmãs e trabalho de equipe com os padres na paróquia, especialmente no interior.”

-“Presença da SVD nas cidades é importante manter por motivo das vocações.”

Depois deste trabalho na paróquia St´Ana de Guarapuava, foi para o Seminário menor de Ponta Grossa e filosofia em Curitiba na comunidade de formação Paulo VI. Os formandos lembram-se dele com carinho, pela pessoa que era e o seu jeito novo de formá-los. Em vista de seu aperfeiçoamento na área de formação inscrevesse-se no CETESP, curso para formadores da Conferencia dos religiosos do Brasil, e assim vai para Brasília participar do curso de 16 de Fevereiro a 10 de Julho de 1987.

Desde o início do seu trabalho no Brasil ele manifestou o seu desejo de trabalhar no Norte. Assim pediu sua transferência para o então distrito de Santarém em 1988 e vai viver no Santarenzinho numa casa de palha perto da associação de moradores. Cuidou do Bairro e também do Eixo forte, enquanto sonhava com uma casa de formação da Região.

Quando chegou, em 1988 envia uma carta para Aloísio Fludra- provincial da BRS onde fala um pouco do então distrito de Santarém: “…estamos sentindo muito falta de pessoal, especialmente brasileiros e de outras nacionalidades para internacionalizar esta “província irlandesa” e para desenvolver os novos trabalhos de formação na periferia de Santarém e na nova Prelazia de Itaituba. De fato estamos muito atarefados. Como dizia João Barendze “não custa chorar um pouco, né?””

Em 1989 o distrito adquiriu o terreno onde se construiu a atual casa de formação. Em carta dirigida ao então provincial do BRS ele fala: “Gostaria que mandasse mais dinheiro para a casa de formação… os últimos cruzados se foram”

Noutra carta (1989) para irmão Anselmo, Ecônomo BRS, ele escreve: “quero avisar que recebi a segunda parcela para a casa de formação daqui, mandada com o Leo. O dinheiro não vai longe e parece que vem uma tempestade de preços altos: cimento custa 10,00; carne 5,00; cerveja 1,20. No mais estamos levando o barco em frente com fé e coragem. É o jeito.”

A seguir foi pároco da Paróquia de Santo Antônio em Oriximiná e trabalhou por dois anos na Missão de Boavista Roraima. Neste período passou alguns anos ajudando a Província Irlandesa como mestre de noviços e de teólogos, obtendo mestrado em Teologia Pastoral.

Em 2009 retornou para a Província BRS, assumindo a Paróquia Santa Bakhita na periferia de Paranaguá, até sentir a sua saúde debilitada no fim de 2013. No início de 2014 se transferiu para Ponta Grossa a fim de tomar os cuidados necessários com a saúde, mas para a surpresa geral veio a falecer durante a noite de 23/24 de março de 2015. Durante todos os seus anos de trabalho evangelizador sempre manteve uma posição clara e decidida em favor dos pobres e excluídos, opção que ele continuou em Paranaguá até a sua saída deste seu último trabalho.