Reflexão sobre o I domingo da Quaresma
Caros irmãos e irmãs, estamos novamente tendo a oportunidade de fazer um longo retiro espiritual. Um retiro de 40 dias que já iniciamos na quarta feira sendo assinalados com a cruz de Cristo lembrando que somos pó e ao pó voltaremos. Foi muito importante celebrar isto.
Neste primeiro domingo da quaresma, vimos através da liturgia, o peso, a reponsabilidade e as consequências de nossas decisões. Conforme, também, o evangelho de duas semanas atrás (o do 6° domingo do tempo comum) dizia: “Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás. Diante de ti, ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir (Eclo 15, 16-18).
Isto fica bem claro nas leituras de hoje. Apesar de o primeiro homem, Adão e a primeira mulher, Eva, terem sidos sonhados por Deus, com tanto carinho, eles cederam a tentação de dispensar Deus e ser independentes dEle. Isto porque ao querer serem iguais a Deus, Este Deus se tornaria dispensável, desnecessário. O diabo já sabia desta fraqueza do ser humano.
No entanto, é possível superar esta tentação e decidir, optar por Deus. Isto com o Espírito Santo recebido no batismo, com muita oração e com o conhecimento da Palavra de Deus. Jesus Cristo nos ensinou isso. Após receber o Espirito Santo no batismo ele foi para o deserto, lugar de provação, de silencio, de esvaziamento, de oração e de encontro consigo mesmo e com Deus. Tendo sido posto à prova pelo tentador ele, o novo Adão, Cristo, oferece uma alternativa. Fez isto através da escuta atenta da Palavra de Deus, e de suas propostas. Sendo obediente ao Pai e aos projetos Dele. Assim nasce o novo homem totalmente livre que vence até mesmo o maior inimigo, a morte.
Infelizmente, hoje a liberdade de escolha citada acima tem levado alguns homens e mulheres a se deixarem seduzir pelas três tentações do demônio, das quais Jesus saiu vitorioso. A ausência de abertura ao Espírito Santo recebido no batismo, a ausência de oração, jejum, penitencia, momentos de desertos e de esvaziamento tem levado muita gente a optarem pelas tentações do ter, do ser e do prazer.
Deixar se seduzir pela tentação do ter, traz como consequência a sociedade desigual em que vivemos hoje. Ela é a causa das guerras entre países ou dentro de um mesmo país, ela é responsáveis por um dos maiores males mundial, a corrupção. Também é responsável pela pobreza, pela miséria e pela fome. Quantos garimpeiros ilegais, madeireiros ilegais, proprietários de terras ilegais, projetos ilegais em nossa Amazônia, são algumas ilustrações dos seduzidos por esta tentação. Perto de nós, a fome e a morte de centenas de indígenas, são as consequências deste mal. Veremos isto mais aprofundada mente durante esta campanha da fraternidade. É a tentação que todos nós conhecemos muito bem : de fazer dos bens materiais a prioridade fundamental da vida. Hoje Jesus nos ensina no Evangelho que apesar do pão ser importante, “não só de pão vive o homem, mas de todo palavra da boca de Deus”.
A tentação do ser pode ser facilmente identificada na ambição desmedida em aparecer, ser visto, ser melhor que o outro, ser sempre antenado. Há uma ansiedade em não ser notado. As redes sociais e a mídia, são ambientes propícios para seduzir o Adão e a Eva de hoje. Com Jesus somos instruídos, pela palavra de Deus, a responder a esta tentação com DT 6, 6: “não tentarás o Senhor teu Deus. Não exigir de Deus provas que sirvam de engrandecimento pessoal diante da sociedade.
A terceira tentação é a do poder. Esta têm muitos seduzidos. A proposta do diabo era ser adorado em lugar de Deus e assim Jesus teria muitos poderes sobre reinos e nações. Quantos adoradores o diabo tem conseguido, ao longo da história e nestes últimos tempos, em troca do poder! Quantas brigas por poder em todas as instancias da sociedade, transformam este mundo num lugar inseguro para viver! O tentador hoje seduz seus seguidores através de imagens atraentes: dinheiro, celebridades, políticos, bens materiais, ostentação, entre outras. Como Jesus, somos convidados hoje e sempre a reafirmar como em Dt 6, 13: “Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a Ele prestarás culto”.
Caro irmão, cara irmã, iniciamos esta reflexão lembrando que somos livres para escolher a quem seremos seguir. Deus nos dá o livre arbítrio. Na vida, tudo é uma questão de decisão. Pelo batismo, pela confirmação do nosso batismo e pelos demais sacramentos, nós decidimos rezar, acreditar, estudar a palavra de Deus, alimentar a nossa fé e viver uma vida segundo o Evangelho. Talvez nós convivamos com pessoas que decidiram o contrario. Eles são livres. Por isso você que fez a escolha de seguir Jesus Cristo sinta-se também livre com esta escolha. Que ela não seja um peso na sua vida. Que a Quaresma não seja um momento de tristeza, um peso, mas um tempo de crescimento, de aprofundamento, de fortalecimento, enfim, um tempo de conversão para viver plenamente a grande vitória de Cristo, a ressurreição, a Páscoa definitiva.
Lembre-se: contra as tentações: Jejum, oração e penitencia.
Boa Quaresma a todos.
Pe. Aparecido Luiz de Souza, svd