Sabemos que a história do Brasil foi contada através dos séculos pelos não-indígenas, e somente recentemente começou a ser contada a história do lado dos indígenas. Os grandes massacres também ficaram escondidos.
A história da transamazônica também foi contada a partir dos invasores e, ainda não foi contada a história do ponto de vista dos indígenas.
O cacique Arara Mobo Odó conta a história do seu avô que foi contada pelo seu pai.
“Aí ele disse que quando era pequeno, meu pai nesse tempo falou que o pai dele (meu avô), saiu de manhã atrás de comida. Ele foi para o mato”.
Escutaram tiros por lá, ficaram pensando: “Será que mataram o nosso pai? ”
Aí fizeram que nem animal. Penduraram ele assim.
Partiram ele que nem animal, como tratam animal.
Cortaram ele tudinho. Pinicaram ele. Deixaram lá para outros verem”.
Na abertura da Transamazônica, o governo brasileiro fazia propaganda para incentivar o povo do sul do país a virem para Amazônia: “Terra sem gente para gente sem-terra”. Mas, sabiam que tinha gente, muitos indígenas. Só que não consideravam os povos indígenas como “Gente”. A estrada passou por meio de terras indígenas. Muitos indígenas morreram.
A atual área dos Arara fica no fundo dos municípios de Uruará e Placas. Depois de muitos anos de luta, conseguiram a demarcação e homologação da sua terra, mas continua invadida e, no ano passado foi uma das Terras Indígenas mais invadidas e desmatadas do Brasil. Em geral, os agricultores das paróquias de Placas e Uruará respeitaram o limite da terra indígena, o que eles chamam de “Linha Vermelha”. Mas, os madeireiros e fazendeiros não respeitam. Aproveitando o momento de “Passar a Boiada”, muitos madeireiros de fora vieram para saquear a terra indígena.
O povo Arara pede socorro.