Nesta liturgia estamos vivendo 16º Domingo do Tempo Comum. O Evangelho conta um pouco as atividades missionarias de Jesus e os discípulos. A evangelização e a preocupação com a vida de tantos irmãos doentes e marginalizados são atividades essenciais neste evangelho de São Marcos. Jesus se apresentava como como o Bom Pastor. A sua compaixão é decorrente da constatação de que “eram como ovelhas sem pastor”. E toma como atitude para aliviar a multidão “ensinar-lhes muitas coisas”.
Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não tem pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas. (Mc. 6,34). Eram, como, ovelhas sem pastor. Sentia as carências de seu povo e se compadecia dele. Ele teve compaixão e se aproxima deles. Era, verdadeiramente, o Bom, o Belo Pastor.
O que significa a compaixão? Palavra composta de outras duas: compaixão. Estar com na paixão do outro, na cruz do seu sofrimento. Sentir a dor do outro e, juntos, buscar soluções alternativas. Estar com, não significa dar coisas, mas dar-se. Dar o próprio tempo, colocar-se à disposição. Em síntese, significa caminhar junto com aquele que sofre. Assumir sua dor e tentar encontrar saídas para superar os momentos difíceis. É a virtude de compartilhar o sofrimento do outro gerando proximidade. A dor do outro desacomoda, tira da indiferença e desafia a tomar uma atitude, a encontrar uma resposta para aliviar o sofrimento.
A atitude de Jesus Cristo, como Bom Pastor, foi ensinar a multidão. Em tempos de insegurança, de falta de rumo as multidões estão fragilizadas e confusas. É frequente, neste contexto, que lideranças adotem “ensinamentos” revestidos de falsidade gerando expectativas impossíveis de serem concretizadas. São as famosas “promessas” irrealizáveis. Os Evangelhos registram que o ensinamento de Jesus tinha diferenças fundamentais de outros mestres, “pois ensinava com autoridade”.
Jesus veio implantar o Reino de Deus na terra. O Reino de Deus é composto de homens, e mulheres e suas realidades humanas, tais como: verdade, justiça, solidariedade e paz. No Reino de Deus não devem acontecer injustiças, abandono e desordem. No entanto, vemos que o povo está desorientado, confuso e as vezes sem sentido na vida. Jesus agiu e quer continuar agindo, pelos discípulos, como Bom Pastor e manda aos discípulos fazer o mesmo, ontem, hoje e sempre. Por isso não podem ficar indiferentes ou insensíveis diante das injustiças e corrupções e guerra que pisa forte em pobre inocente. Num mundo profundamente que sofre injustiças e em condições de vida desumanas, nossa fé chama-nos a reconhecer a presença de Cristo nos pobres e oprimidos. Portanto, deixemo-nos interpelar pelos
que estão à beira do caminho – e são tantos! – aguardando nossa compaixão. Vamos sensibilizar nosso coração, habituado a ver tanta pobreza e miséria que já não se compadece. Que sejamos comprometidos com a voz profética, que anuncia a paz, a justiça e a transformação de toda a criação de Deus.
Deus lhes abençoe e Viva Deus uno e Trino
Por: Pe. Adventino Nandus, SVD