Arquivo mensais:junho 2023

REFLEXÃO DOMINICAL: X DOMINGO DO TEMPO COMUM

Caríssimos irmãos – irmãs. Viva Deus uno e trino em nossos corações.
A liturgia deste 10⁰ domingo do tempo comum repete, com certa insistência, que Deus prefere a misericórdia ao sacrifício. A expressão deve ser entendida no sentido de que, para Deus, o essencial não está nos atos externos de culto ou as declarações de boas intenções, mas sim numa atitude de adesão verdadeira e coerente ao seu chamado, à sua proposta de salvação.

Na primeira leitura (Os 6,3-6), o profeta Oseias põe em causa a sinceridade de uma comunidade que procura controlar e manipular Deus, mas não está verdadeiramente interessada em aderir, com um coração sincero e verdadeiro, a aliança. Falta um arrependimento sincero. O profeta tem dúvidas da conversão do povo, porque os atos externos de culto não significam nada, se não houver amor a Deus e o amor ao próximo, que é a outra face deste amor. O culto não pode ser um conjunto de ritos desligados da vida, mas expressão dela voltada para Deus, vivida ao ritmo da aliança, junto às suas propostas.

Na segunda leitura (Rm 4,18-25), São Paulo apresenta aos cristãos de Roma o que é essencial e tem o poder de unir todos os crentes: a fé. É que havia uma crise entre eles que poderia levá-los a uma divisão. A figura de Abraão, neste caso, é modelo a ser seguido tanto por judeus, quanto por pagãos: aquilo que fez nosso pai na fé e tornou-o um modelo para todos não foram suas obras, mas a sua adesão total, incondicional e plena a Deus e aos seus projetos.
O apóstolo quer deixar claro, com argumentação tirada da própria Escritura, que Abraão tornou-se uma referência fundamental para todos os crentes por ter sido o homem da fé, sabido acolher o dom de Deus e responder-lhe com a entrega incondici- onal, obediência radical e confiança ilimitada.

O Evangelho (Mt 9,9-13) apresenta-nos uma catequese sobre a resposta que devemos dar a Deus que chama todos os homens, sem exceção. O exemplo de São Mateus sugere que o decisivo, do ponto de vista de Deus, é a resposta pronta ao seu convite para integrar a comunidade do “Reino”. Na resposta de São Mateus vemos a coragem e fé de Abraão e a sabedoria no seguimento que Oséias apresenta. Se procedermos retamente, garante-nos o salmista, o Senhor nos mostrará a salvação que vem Deus.
Deus abençoe a todos! Paz e Bênção.

Pe.Rafael, SVD

SANTÍSSIMA TRINDADE NO ÍCONE ORTODOXO E BIZANTINO

Arte na igreja católica era dominada só uma linha. Após o Concílio de Nicéia em 787 essa dominação foi quebrada. A igreja católica acolheu arte da igreja ortodoxa para enriquecer a teologia. Mexe até hoje essa influência teológica na igreja católica, sobretudo na teologia trinitária. Deus Pai que é um homem barbudo, com Filho e Espírito Santo é outra imagem trinitária mais conhecida, mas iconografia bizantina explica outra parte dessa realidade trinitária numa explicação diferente sem mudar o conteúdo teológico trinitário.

Foi o Andrei Rublev que apresentou essa imagem de Santíssima Trindade.  A cena central do ícone vem do livro do Gênesis, quando Abraão recebe três estranhos em sua tenda: “O Senhor apareceu a Abraão nos carvalhos de Mambré, quando ele estava assentado à entrada de sua tenda, no maior calor do dia. Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra (…) Abraão serviu aos peregrinos [pães, um novilho tenro, manteiga e leite], conservando-se de pé junto deles, sob a árvore, enquanto comiam” (cf. Gênesis 18, 1-8).

            Esta imagem deixou claro a casa de Abraão no fundo, os três anjos de vestidos lindos e mais outros símbolos. O simbolismo da imagem é complexo e procura resumir a doutrina teológica da Igreja sobre a Santíssima Trindade. Primeiro: os três anjos são idênticos em aparência, correspondendo à fé na unicidade de Deus em três Pessoas. No entanto, cada anjo veste uma roupa diferente, trazendo à mente que cada pessoa da Trindade é distinta. O fato de Rublev recorrer aos anjos para retratar a Trindade é também um lembrete da natureza de Deus, que é espírito puro.

Os anjos são mostrados da esquerda para a direita na ordem em que professamos nossa fé no Credo: Pai, Filho e Espírito Santo. O primeiro anjo veste azul, simbolizando a natureza divina de Deus, e uma sobrepeça púrpura, indicando a realeza do Pai.

O segundo anjo é o mais familiar, vestindo trajes tipicamente usados por Jesus na iconografia tradicional. A cor carmesim simboliza a humanidade de Cristo, enquanto o azul é indicativo da sua divindade. O carvalho atrás do anjo nos lembra a árvore da vida, no Jardim do Éden, bem como a cruz sobre a qual o Cristo salvou o mundo do pecado de Adão.

O terceiro anjo veste o azul da divindade e uma sobrepeça verde, cor que aponta para a terra e para a missão da renovação do Espírito Santo. O verde é também a cor litúrgica usada em Pentecostes na tradição ortodoxa e bizantina. Os dois anjos à direita do ícone têm a cabeça ligeiramente inclinada em direção ao outro, ilustrando que o Filho e o Espírito procedem do Pai.

No centro do ícone há uma mesa que se assemelha a um altar. Colocado sobre a mesa, um cálice dourado contém o bezerro que Abraão preparara para seus hóspedes; o anjo central parece estar abençoando a refeição. A combinação dos elementos nos lembra o sacramento da Eucaristia.

Nós estamos celebrando domingo de Santíssima Trindade. Reflexão que fica para nós é sobre nosso Deus em três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo). É uma união sem conflitos nas diferenças serviços. É uma estabilidade de amor que valorizar cada um. É uma relação sem dominação de um só. Esse Deus que nos salva, nos leva a felicidade eterna.

Por isso, vamos respeitar os outros como irmão. Fazermos justiça para todos. Feliz Domingo a todos.

            Pe. Elly Nuga, SVD

Baseado na fonte de ALETEIA