Arquivo mensais:março 2023

HOSANA, AO FILHO DE DAVI!

Texto: Mateus 21,1-11

Caros irmãos e irmãs,

       Hoje a Igreja inicia a Semana Santa com a celebração do Domingo de Ramos. É uma comemoração da entrada de Jesus Cristo na cidade de Jerusalém com uma acolhida bem significativa pela multidão. Baseado no Evangelho, descobri três pequenas mensagens que as pessoas de Jerusalém nos demonstraram como podemos acolher Jesus.

       Primeira, acenaram a Jesus com os ramos. Geralmente é somente um rei que recebe uma acolhida assim pelo seu povo, mas faz isso com as bandeiras ou um lenço nas mãos. Jesus foi recebido com os ramos verdes ondulados nas mãos das pessoas. A acolhida delas, nos demonstrou a forte união e o reconhecimento como um povo (nação) junto com o seu rei. Neste cenário surgiu um sentido coletivo sobre igualdade, fraternidade e confiança do povo. E o povo não distinguiu os pobres dos ricos ou os superiores dos inferiores etc. Somente existe uma multidão unida, o povo de Deus. Nós somos um povo igual, fraterno e temos fé em Deus como a fonte da nossa vida. Recebemos Jesus com a nossa força de união. Essa união que Deus precisa.

       Segunda, estenderam as suas roupas na estrada quando Jesus passava montado numa jumenta. Normalmente, um rei é recebido com um tapete lindo enquanto passa montado num cavalo. Jesus não foi recebido dessa maneira e não quis fazer desse jeito. Ele recebeu a expressão espontânea de pessoas simples, mas era muito verdadeira. Elas não tinham nada de luxo para Lhe oferecerem. O tapete valioso que o povo conseguiu oferecer a Jesus era apenas as suas roupas. Como de costume, os Judeus usam duas camadas de roupa, com uma camada externa servindo de casaco. Era essa parte externa da roupa que eles colocaram para fora e a estenderam no chão para servir como um tapete. Este cenário nos deixa uma mensagem muito profunda. Quando Jesus entrar na realidade da nossa vida, possamos-Lhe dar as nossas boas-vindas numa maneira bem verdadeira sem hipocrisia. E o nosso coração como ele já é de vermelho igual a cor do tapete, servindo para ser lugar onde Jesus vai passar. Vamos preparar o nosso coração para que seja limpo e lindo para receber Jesus.

       Terceira, louvaram a Deus e mencionaram Jesus como o Rei que vem em nome do Senhor para trazer a paz. Isso foi um grito de pessoas de fé e de esperança por uma vida digna e pela paz no mundo. Outros evangelistas disseram que gritavam “Hosana”, que significa SALVAR! Também nós somos convidados a louvar a Deus por todas as coisas que Deus fez por nós através das atitudes proféticas, colaborarmos para que aconteça a cultura da vida. Continuamos pedindo a Deus que nos salve também, especialmente a todas as pessoas que estão numa situação de guerra. Com o mesmo espírito daqueles que acolheram Jesus, somos agora convidados a marchar e cantar “HOSANA” para fazer acontecer o Reino de Deus aqui neste mundo. Que a nossa vida seja uma peregrinação cheia de louvor a Deus, o Rei Todo-Poderoso. Que Deus nos abençoe! Amém.

FELIZ DOMINGO DE RAMOS!

Pe. Wempianus Moan Jawa, SVD

O TRISTE FIM DA CASTANHEIRA

       Árvore majestosa, que cresce mais alto do que as outras árvores.  A castanha, fruta rica em vitaminas, símbolo do Pará. Fonte de renda e de alimentação do povo paraense durante séculos está desaparecendo e cedendo lugar para o agronegócio.

       No Trombetas, espero que os quilombolas ainda conservem as castanheiras que ainda sobrevivem.  No Cuminá (rio na região de Oriximiná), com o avanço da Estrada de BEC, acabaram com os castanhais para plantar capim para o gado.   Numa visita a Pacoval me deu uma tristeza de ver a destruição das castanheiras fora da Terra Quilombola. Infelizmente a terra quilombola de Pacoval é muito pequena.  Os fazendeiros não derrubam as castanheiras, derrubam a mata, tocam fogo e o fogo matou as castanheiras.

SERVE PARA FAZER PONTE

       Na Santarém/Cuiabá, no tempo dos atoleiros, quando caía uma ponte, derrubavam uma castanheira, serrava no meio e pronto, uma pinguela para passar os caminhões que iam para o garimpo.  Agora com o avanço do agronegócio, não sobrou castanheira nem para fazer pinguela.

“O QUE FAÇO PARA ACABAR COM AS CASTANHEIRAS?”

       Em Placas, existe ainda uma ou outra castanheira na beira da estrada que escapou do fogo e serve para o IBAMA ver.   Um padre no BASA escutou conversa entre dois criadores:   “O que eu faço para acabar com as castanheiras? Derrubei as pragas, mas insistem em brotar de novo da raiz.”

A DESTRUIÇÃO PROVOCADA POR BELO MONTE

       Entre as condicionantes do Belo Monte era construção de casas nas aldeias indígenas. A empresa que fez as casas na Aldeia Laranjal do povo Arara derrubou 30 castanheiras bem próximas da aldeia para fazer as casas.

       Na aldeia Apeterewa do povo Parakaná, derrubaram castanheiras para fazer casas na aldeia.  Como precisava fazer mais casas, funcionário da empresa conversou com o povo:  “As casas ficaram bonitas com a madeira das castanheiras.  Vamos fazer as outras também com a castanha”.  Agora o povo tem que ir longe para tirar castanha.

INVASORES DAS TERRAS INDÍGENAS

       A Terra Indígena Apterewa do Povo Parakaná está entre as mais invadidas do país por garimpeiros, madeireiros e fazendeiros.  Apesar de estar demarcada e homologada. Uma das condicionantes do Belo Monte: “Desintrusão (Retirado dos invasores) e regularização da terra”. Apesar de dinheiro aprovado para a desintrusão, os invasores derrubaram castanhal para plantar capim.

Pe. Patrício Brennan, SVD

(Um dos Primeiros Verbitas que começou à missão Verbita na Amazônia. Hoje ele atua na missão indigenista com o povo indígena na região de Xingu-Altamira)