Arquivo mensais:setembro 2022

Arara … Mobo Odó: A História que não foi contada

Sabemos que a história do Brasil foi contada através dos séculos pelos não-indígenas, e somente recentemente começou a ser contada a história do lado dos indígenas. Os grandes massacres também ficaram escondidos. 

A história da transamazônica também foi contada a partir dos invasores e, ainda não foi contada a história do ponto de vista dos indígenas.

 O cacique Arara Mobo Odó conta a história do seu avô que foi contada pelo seu pai.

Missão Indígena

Arara…Odó: Povo Indígena

“Aí ele disse que quando era pequeno, meu pai nesse tempo falou que o pai dele (meu avô), saiu de manhã atrás de comida.  Ele foi para o mato”.

Escutaram tiros por lá, ficaram pensando:  “Será que mataram o nosso pai? ”

Aí fizeram que nem animal. Penduraram ele assim.

Partiram ele que nem animal, como tratam animal.

Cortaram ele tudinho. Pinicaram ele. Deixaram lá para outros verem”.

Na abertura da Transamazônica, o governo brasileiro fazia propaganda para incentivar o povo do sul do país a virem para Amazônia:  “Terra sem gente para gente sem-terra”.  Mas, sabiam que tinha gente, muitos indígenas. Só que não consideravam os povos indígenas como “Gente”.  A estrada passou por meio de terras indígenas. Muitos indígenas morreram.

A atual área dos Arara fica no fundo dos municípios de Uruará e Placas. Depois de muitos anos de luta, conseguiram a demarcação e homologação da sua terra, mas continua invadida e, no ano passado foi uma das Terras Indígenas mais invadidas e desmatadas do Brasil. Em geral, os agricultores das paróquias de Placas e Uruará respeitaram o limite da terra indígena, o que eles chamam de “Linha Vermelha”.  Mas, os madeireiros e fazendeiros não respeitam. Aproveitando o momento de “Passar a Boiada”, muitos madeireiros de fora vieram para saquear a terra indígena.

O povo Arara pede socorro.

Depressão

Os transtornos depressivos constituem um grupo de patologias com alta e crescente prevalência na população geral. A tristeza é parte integrante da vida do ser humano, é algo passageiro e não o impede de realizar suas tarefas da rotina habitual. Na maioria das vezes, essa tristeza é confundida com depressão.

A depressão por sua vez, está relacionada a uma tristeza de grandes proporções que impede a pessoa de viver a sua rotina normal de vida. Afeta corpo e mente, ou seja, o físico e o psicológico do ser humano, afeta o humor e, consequentemente, o modo como a pessoa vê o mundo, seus pensamentos em relação a si próprio e aos outros, a forma como manifesta suas emoções, a disposição e o prazer com a vida, bem como a forma de se alimentar, descansar e vestir-se. São vários os motivos pelo qual ela se desenvolve (DELGALARROND, 2008).

Com isso, na sociedade em que vivemos hoje, diagnósticos de depressão se tornam cada vez maiores. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a terceira causa de morte no mundo entre os adultos, segunda causa de óbito dos jovens adultos e adolescentes, e a primeira razão de aposentadoria por problemas psiquiátricos.

No ambiente familiar, a depressão também vira vilã. Tanto o ambiente pode se tornar o preditor da depressão, através da presença de estressores, como familiares podem acabar sofrendo junto com o indivíduo depressivo, pois a sensação de impotência sobre aquela situação os preocupa, e acabam tendenciados a desenvolver patologias devido ao auto grau de pressão nesse momento delicado na família (BAHLS, 2002).

No ambiente profissional, a depressão pode ser observada a partir de licenças médicas com diagnostico de depressão, tais fatores são precedentes de aspectos vivenciados no dia a dia, caracterizados por variações de ansiedade e estresse presentes no ambiente corporativo, tornando-se fator que incapacita o indivíduo ao trabalho. O afastamento e diagnostico da depressão ocorre em sua maioria após ocorrências sucessivas de afastamentos, ou seja, o indivíduo muitas vezes é afastado por períodos curtos, que podem caracterizar o agravamento da doença, até se chegar ao diagnóstico oficial (CAVALHEIRO; TOLFO, 2011).

Depressão

Depressão

Todos nós passamos por momentos felizes e tristes, quando há uma perda significativa em nossa vida, é normal que passemos por estados depressivos moderados como uma resposta a esse processo emocional.  A depressão torna-se um transtorno quando esses sintomas se agravam, interferem nos funcionamentos normais das emoções e quando se estendem por semanas interruptas (RODRIGUES, 2000).

Ao contrário do que o senso comum diz, os sintomas não consistem no baixo astral rotineiro que vivenciamos em algumas ocasiões de nossas vidas. Não são limitados em alterações do humor (tristeza, irritabilidade, falta de capacidade de sentir prazer, apatia), mas apresentam alterações em aspectos cognitivos, psicomotores e vegetativos (sono, apetite, libido). O paciente depressivo perde a capacidade, enquanto sintoma emocional, de sentir alegria em momentos festivos, sente desespero e um sofrimento contínuo. O processo de não sentir prazer em situações festivas, em que pessoas saudáveis desfrutariam desse prazer, denomina-se anedonia. Já os sintomas cognitivos, consistem em pensamentos negativos, de inutilidade, culpa, desesperança e até mesmo suicídio (PORTO, 2004).

TRATAMENTO

Quando nos referimos ao assunto sobre o tratamento para depressão, sabemos que este deve ser entendido de uma forma ampla, ou seja, devemos considerar as dimensões biológicas, psicológicas e também sociais. Claro que outro fator de suma importância é que devemos considerar a subjetividade do paciente, assim podendo considerar suas queixas de forma individualizada. Em relação aos aspectos psicológicos, a psicoterapia deve agir na mudança de estilo de vida do paciente, dando enfoque que não se deve tratar depressão de uma forma abstrata e sim o paciente deprimido, que estão dentro de seus meios sociais e culturais sendo compreendidos nas suas dimensões psicológicas e também biológicas. Ao apontar as intervenções psicológicas que devem ser abordadas na depressão, é importante ressaltar que devem ter formatos diferenciados, como a psicoterapia de apoio, a psicodinâmica breve, a terapia interpessoal comportamental, cognitiva comportamental, terapia de grupo, de família e até mesmo terapia de casal. De acordo com Souza (1999), existem fatores que podem influenciar no sucesso do processo de tratamento da depressão dentro da terapia, sendo eles a motivação, depressão leve ou moderada, ambiente estável e capacidade para insight. Assim mudanças no estilo de vida dos pacientes deverão ser debatidas buscando sempre uma melhor qualidade de vida dos mesmos. Contudo, os processos de intervenção devem ocorrer a partir da escuta sensitiva a queixa da demanda podendo constituir uma elaboração de projetos terapêuticos que possam possibilitar cuidado integral do usuário diagnosticado com depressão. Outra estratégia que podem ser utilizadas para tratar os pacientes com depressão são os antidepressivos, que podem produzir através dos seus efeitos uma melhora nos sintomas. Porém, é importante ressaltar que em termos de eficácia, cada paciente responderá a diferentes formas em relação aos antidepressivos, assim deverá também ser levada em consideração a subjetividade e o contexto de cada um. Por fim, é importante ressaltar que são prejudiciais e preconceituosos os argumentos de que depressão é falta do que fazer, falta de trabalho. Ao longo da história ela foi associada até ao funcionamento da bílis. Hoje, compreende-se que a depressão tem a ver com o funcionamento dos neurotransmissores e com as falhas nas sinapses. Portanto, devemos evitar afirmações como: “você é tão bonita/o, tem tudo na vida”; “muita gente gostaria de ter a vida que você tem”. A depressão pode atingir ricos, pobres, jovens, adultos ou idosos. Tais afirmações só aumentam o sentimento de culpa dos que sofrem deste transtorno.

Pe. Luiz Aparecido de Sauza, SVD